segunda-feira, 25 de abril de 2011

Manias

Manias: tenho muitas.

Tenho a mania de me deitar tarde e não me levantar cedo. Tenho a mania de levantar a sobrancelha esquerda por tudo e por nada. Tenho a mania de mexer o nariz – como aquela bruxinha do filme da feiticeira – quando estou perdida em alguma coisa dentro da minha cabeça. Tenho a mania de calçar as peúgas antes de tudo o resto. Tenho a mania bater ao de leve na barriga para arrotar – nojento, eu sei. Tenho a mania de cruzar a perna direita por cima da esquerda e nunca o contrário – culpa da escola de música Melodia. Tenho a mania de me sentar no escuro a olhar para o escuro quando estou menos bem-disposta – o que significa terrivelmente insuportável. Tenho a mania de andar sempre com um caderninho atrás de mim – no entanto, contam-se pelos dedos de uma só mão as vezes em que lá escrevi alguma coisa. E podia continuar durante umas quantas páginas, mas isso não interessa a ninguém.

Contudo, o que eu queria mesmo dizer é que também tenho a mania de ser pseudo-aspirante-a-escritora. E esta expressão inventada numa qualquer conversa de café é mesmo perfeita para me descrever. Sou aspirante a escritora tendo a perfeita noção de que nunca o chegarei a ser realmente. Mas, o que é que isso importa? Sou feliz assim, a escrever para alguém, na perfeita consciência de que não escrevo para ninguém.

Escrever? Porquê?
Escrever é tudo. Às vezes é uma doença, outras uma terapia. Para uns é uma coisa esquisita que acontece uma vez na vida, para outros é uma rotina. Talvez uma explosão, ou uma forma de não implodir. É arte. É um instinto natural, uma necessidade. É fome, às vezes sede. Para mim, é tudo isto conjugado numa simples mania. Mas, o que me fascina realmente no acto de escrever é a quantidade de coisas que meia dúzia de parágrafos consegue ser.

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